Friday, September 14, 2007

O Donál

Quaresma é o jogador do momento. É, pelo menos, o jogador que dá mais trabalho, não aos adversários, mas aos paineleiros do Porto que ainda o campeonato está a começar e já quase esgotaram a cartilha de argumentos para o defender. Com o jogo da Supertaça já vamos com quatro jogos oficiais. Em todos eles Quaresma fez merda. Fazer merda, em futebol, é fazer o que fazem os que não sabem jogar futebol: marcar auto-golos, dar fífias, dar porrada no adversário só para lixar, etc. Pois Quaresma está apostado em bater records, não de trivelas, mas de cacetadas porcas para encostar adversários. Dentro do fazer merda parece ser esta a sua especialidade. E nem se pode queixar muito: o pior que lhe aconteceu foi ver amarelo quando já justificava ter visto dois ou três vermelhos. Mas enfim, esta é mais uma daquelas que fica para a excelentíssima doutora Morgado um dia nos explicar, com desenho e tudo.
Ao contrário do resto da malta da bola - geralmente penso ao contrário da malta da bola, o que me deixa sempre com a certeza de ter razão - o que eu mais lhe aprecio não é a cena das trivelas - no fundo, uma paneleirice futebolística. O que eu gosto mais no Quaresma é das entrevistas. Aí é que eu me divirto mesmo. Quando vejo que o homem vai botar faladura, largo tudo e vou logo a correr. Dá sempre grandes momentos televisivos. É que o tipo parece o boneco Donál do ventríloquo: mexe a cabeça rodando-a apenas no eixo horizontal, sem nunca fixar o olhar, e coça a bochecha com o dedo indicador, de cinco em cinco segundos. Tenho tentado ver onde está o braço que está por trás mas ainda não consegui. Estou à espera de um dia destes o ver virar-se para o lado e dizer: "não gosto de ti", como fazem todos os Donál que animam feiras por esse país fora. No fundo, a minha curiosidade é saber quem é o gajo que o manipula.
Tudo isto para dizer que também gostei do número que apresentou no jogo da selecção contra a Sérvia. Mais um dos que poderíamos incluir no capítulo do fazer merda: no fim do jogo agarrou a bola, dirigiu-se ao careca da Sérvia fazendo-lhe peitaça e, quando o Dragutonovic veio ver o que se passava, afastou-se de mansinho como se não fosse nada com ele. Quando Scolari aviou aquele murrinho da treta no Sérvio já o Quaresma estava no balneário a tomar banho. E ainda bem. Se a borrasca se tivesse resumido ao binómio Quaresma - Dragutinovic, a polícia ia ter muito trabalho para tomar conta do acampamento todo que não ia precisar de mais de 15 segundos para se juntar à porta de Alvalade. E a polícia portuguesa tem andado muito ocupada.
Também tenho umas coisas a dizer sobre a besta quadrada que treina a Sérvia mas isso fica para depois, lá por alturas do Euro 2008 quando ele já estiver de férias.

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