Monday, July 10, 2006

Boato?

Chegou-me aos ouvidos logo no início do Mundial: os árbitros recebiam no auricular indicações provenientes de alguém que estava a ter acesso às imagens do jogo. Não me preocupei muito com o assunto mas passei a dar alguma atenção ao timing das atitudes da arbitragem e constatei que havia, de facto, algumas decisões tomadas pelo árbitro com uns cinco, seis, sete segundos de delay. Sobretudo decisões sobre as típicas situações que são difíceis para a decisão imediata dos árbitros: penalidades, foras-de-jogo, cartões, etc.Tratando-se da FIFA não me admiro que esse boato seja muito mais do que um boato. Acho que a FIFA tem lata para isso e para muito mais. A título de exemplo, lembrem-se da figura que Blatter fez ao longo do Mundial sempre que se lembrou de comentar questões de arbitragem: um dia diz, no outro contradiz e no dia a seguir desdiz. Para mim a questão não é a utilização das imagens. Acho que esse é um assunto em aberto que deve ser discutido com seriedade. Agora, utilizar esse mesmo recurso às escondidas, vincando sempre a sua rejeição pública, é uma atitude de hipocrisia grave. A propósito de qualquer recurso a elementos técnicos de suporte às decisões das arbitragens, a FIFA rejeita sempre liminarmente a sua utilização. A FIFA parece uma daqueles tipas que vai às manifestações dos movimentos anti-aborto, depois de ter feito, ao longo da vida, um ou dois. A hipocrisia total. Na final quem pagou a factura foi Zidane. Foi bem expulso; não é isso que está em causa. O que está em causa é que ele foi provavelmente expulso devido à utilização, às escondidas, de uma ferramente que a FIFA publicamente rejeita. Sabemos há muito que a FIFA se acha dona e senhora de tudo o que diga respeito ao futebol mundial. Se calhar, estão no seu direito. O que não têm é o direito de enganar as pessoas, os jogadores, os técncicos, os outros árbitros. Já sei o que vão dizer: que é tudo falso, invenção fantasista de alguns. O que eu sei é que este boato(?) não começou na tasca da esquina. Começou precisamente em meios bastante próximos da FIFA. A mim, por exemplo, foi-me contado por alguém muito próximo dos meios da arbitragem.

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