Já cá faltava
Um dos articulistas do costume botou faladura para defender Pinto da Costa. Outra coisa não seria de esperar. A criatura pugna pela legalidade em todos os sectores, inclusivé atacando o presidente da república a propósito da defesa do meio ambiente, falando sempre como se isto fosse um antro de corruptos onde só ele é que sabe ver as coisas de «maneira correcta». Até aí tudo bem. Nem sequer nos custa partilhar com ele algumas das coisas que diz e escreve.
O que admira é que, sempre que se fala de futebol, fica em suspenso tuda essa fúria de legalidade que lhe dá sempre para «partir de cima a baixo». Repare-se: admite que há tráfico de influências no futebol tal como há em todos os sectores da sociedade. Então, se assim é, porque é que não trata de tomar isso como tema de artigo em vez de descredibilizar as investigações, que é o que tem vindo a fazer por todos os meios desde 3ª feira?
Ele sabe isto tão bem como nós. E por ser experiente nas «coisas» do jornalismo trata de recorrer a truques de retórica - alguns bem elaborados, diga-se - para defender o seu Pinto da Costa. Ao que consta, tem formação jurídica como advogado, deve ser por isso.
Vejamos apenas 2 ou 3 exemplos:
- Dizer que o Gondomar está na 3ª divisão. Trata-se de uma imprecisão deliberada: visa indicar que o Gondomar é um clube de uma divisão muito inferior, querendo afirmar com isso que o assunto não é importante. Ora, feita a desmontagem, o que resta é que o Gondomar é da 2ª B e luta pela ascensão à liga de honra, competição profisssional. Portanto, o assunto não é assim tão pouco relevante. Esta hiperbolização deliberada é um truque retórico barato mas que, se formos ver bem, serve: há pessoas que dirão «deixa lá, isso é de uma divisão inferior». E mesmo sendo de uma divisão inferior, se se trata de uma ilegalidade, deve ter a mesma atenção que a superliga, ou não é assim que funciona o estado de direito?
-Afirmar que a pista Pinto da Costa é uma pista lateral. Mas a quem é que compete defenir o que é uma pista lateral? Não é à polícia e aos tribunais? Ou será que o articulista teve acesso às investigações e já sabe o que é lateral e central? Trata-se aqui de utilizar o truque retórico, mais uma vez barato, de querer centrar tudo numa remota questão Gondomar / D. Sandinenses, por forma a desvalorizar a importância que tem o facto de o presidente da liga e do conselho de arbitragem, entre outros, serem suspeitos, estando também envolvidos presidentes de clubes da superliga como Pinto da costa. É boa a tentativa, caro articulista, mas não colhe.
-Um dos mais interessantes truques é aquele de dizer que não é credível o tráfico de influências entre Valentim e Pinto da Costa porque Pinto da Costa foi oposição à liga e não se dá muito bem com Valentim. Ora, não é preciso ser muito atento a estas coisas da bola para perceber que, em Pinto da Costa, as zangas e as amizades vão sendo construídas ao sabor dos resultados e das eleições para orgãos do futebol. E pergunta-se: em algum momento de relevo esteve Valentim afastado de Pinto da Costa? Valentim, apareceu ou não, sempre que Pinto da Costa precisou? A resposta é óbvia.
E podíamos continuar. Trata-se de um caso de «muita retórica por mestro quadrado». Mas o que espanta mais, no meio de tudo isto, é o facto de já se tratar de uma defesa de quem ainda não foi acusado. Porquê esta ânsia de «provar» que Pinto da Costa e o Porto não são contas deste rosário? Porque tanta decisão ao afirmar que esta investigação é dispensável e inútil? Se está tudo bem lá para os lados das Antas, então que se investigue que quem não deve não teme. Ou não é assim?
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