Wednesday, May 25, 2005

Alguém tinha que pagar as favas

E coube a tarefa a Carlos Freitas. Carlos Freitas, à data da entrada no SPORTING, era, para mim, um desconhecido. Ao longo das várias épocas passei a admirar o trabalho desenvolvido na gestão do SPORTING, nomeadamente algumas características que ficaram bem patentes como a descrição e o rigor financeiro, que para mim são qualidades que nunca devem deixar de ser destacadas. Se pensarmos nas 5 épocas que lá esteve, sem dar muito nas vistas, Carlos Freitas «acertou» na maior parte das contratações. Claro que falhou em algumas; mas era impossível que isso não acontecesse. Repare-se na época que agora termina: com menos do dinheiro que o Porto gastou com Quaresma - que nunca foi um claro titular - o SPORTING, com a indicação de Carlos Freitas, contratou Enakarhire, Pinilla e Douala, para já não falar de outras recentes contratações. Não me interessa para nada que o sr. seja adepto do Porto ou do Águias da Areosa. Desde que ele cumpra com rigor e profissionalismo as tarefas para que é remunerado, entendo que a sua prestação é positiva. E foi o que aconteceu. No meio de inumeráveis erros estratégicos por parte da administração - que brevemente referirei - a política de contratações, supervisionada por Carlos Freitas, foi provavelmente o aspecto que se salvou do descalabro em que se tornou esta época: adquirimos bom e barato. E tal deveu-se a um conhecimento profundo que Carlos Freitas tem do mercado de futebolistas, característica que, tanto Ribeiro Telles como Eduardo Bettencourt, tinham percebido bem, o que fez com que Carlos Freitas assumisse um papel importante na política de contratações. Alguns cavalheiros com assento na administração devem achar que é fácil encontrar uma pessoa séria e com um grande conhecimento do mercado. Eu acho que não é nada fácil. E, embora Carlos Freitas não seja insubstituível porque não há insubstituíveis no SPORTING, para lá dos seus sócios, não julguem que é fácil arranjar uma pessoa com provas dadas para desempenhar tal tarefa. Bem sei que Couceiro, um indivíduo que tem pretensões a esse tipo de cargos, está disponível. Mas, sobre Couceiro, o que me vem imediatamente à cabeça é que foi ele que entendeu que Carlos Manuel era treinador para o SPORTING! E assim fica expressa a minha opinião acerca das competências de José Couceiro. Calro que há sempre a solução interna: mas eu nem quero pensar o que seria Dias da Cunha, Soares Franco e Paulo Andrade a escolher possíveis contratações: qualquer coisa que andaria entre o trágico e o cómico, a avaliar pelas sucessivas atitudes assumidas por este trio.
Conclusão: alguém tinha que levar com as culpas. Os sócios, os accionistas, os adeptos e os articulistas já estão na praça a reclamar por medidas, que em situações como esta, passam sempre pela demissão de alguém, como se isso, por si só, fosse remédio para alguma coisa. E como é claro para todas a gente não seria Dias da Cunha como «chefe da banda», nem Soares Franco como «rei da piadinha barata», nem Paulo Andrade como «administrador que só fala quando ganha» ou José Peseiro «que até ganhou um prémio de melhor treinador» a demitirem-se. Pagou aquele que por ser, afinal de contas, um mero funcionário estava ali mesmo à mão para levar com o ónus da culpa. Mais um vez, mal conheço a criatura e o que digo é fruto da simples observação atenta que vou fazendo enquanto sócio e accionista. Esta demissão, a meu ver não esclarece nada, não resolve nada e apenas serve para «atirar poeira para os olhos» dos sócios. Quem tinha que assumir erros cometidos - com ou sem demissão - não o fez. E isso para mim é o mais importante e o mais preocupante. Porque, bem vistas as coisas, tudo fica na mesma: a administração presidida por Dias da Cunha a cometer erros que não assume. Porque a culpa é sempre dos outros; e se não houver à mão nenhum para levar com a culpa há sempre o sistema, essa panaceia que tanto jeito tem dado a Dias da Cunha.

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