Tuesday, July 19, 2005

Nomeação dos árbitros

Nunca tive ilusões. Quando se falou na possibilidade de voltar ao sorteio dos árbitros achei que, até à decisão final ser aprovada, muita água ia correr debaixo da ponte e tudo acabaria por ficar na mesma porque os interesses ocultos se mostravam fortíssimos. As movimentações começaram logo, sobretudo por parte daqueles que pretendiam que tudo continuasse na mesma. O ar tranquilo com que os dirigentes do clube galináceo falavam do assunto mostrou que estavam tranquilos a respeito da situação: logo perceberam que, votação para ali, acordo para acolá, a sua vontade ia vingar; alguém lhes deve ter garantido isso. Esse clube, dadas as suas fraquezas futebolísticas, necessita de partir com essa vantagem de avanço. O que é de admirar, a este respeito, são as voltas que a coisa teve que dar para que uma proposta que só tinha o apoio de um clube, contra todos os outros, acabe por ser aprovada. Mais uma constatação de que no futebol português o «cozinhado» e o «jeitinho» são o que dita a lei. Portanto, é de esperar que a próxima época seja como a anterior: contruída na base do roubo e da aldrabice, de modo a favorecer os interesses de um clube e dos seus dois donos.
O que eu destacaria - até porque achei uma certa piada à expressão - é o argumento que foi invocado para legitimar esta negociata: Valentim Loureiro e Luís Guilherme deram um contributo ao futebol português e inventaram mais uma daquelas que só eles sabem: a «nomeação condicionada». Foi confirmar a vários sítios, não fosse haver gralha, e era isso mesmo que lá estava. Nós, que julgávamos que toda a nomeação de um árbitro era condicionada, ficámos a saber que ela vai ser deliberadamente condicionada. O que, atendendo aos personagens envolvidos na novela, só nos mostra que daqui para a frente a aldrabice já nem vai ter que ser encapotada: o sr. Guilherme nomeará «condicionado». Como já todos sabemos o que é que o tem condicionado até aqui, isto promete... escândalo, claro.

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