Thursday, October 19, 2006

Não desistir

Não adianta vir aqui falar da falta de sorte e da boa exibição com resultado injusto. O que ontem aconteceu não teve nada de novo: uma equipa alemã a conseguir vencer um jogo, terminando-o com menos um jogador e completamente acantonada no seu meio-campo, assistindo ao domínio do adversário. Ganhar assim, seria para outra equipa qualquer uma grande sorte. Para as equipas alemãs não. Aprenderam ao longo dos anos a gerir as dificuldades como ninguém. E conseguem com muita regularidade ganhar a adversários que lhes são superiores. Sorte? Claro que não. Para as equipas alemãs e respectiva selecção, tornou-se uma prática quase científica essa estratégia de conseguir bons resultados no meio de muitas adversidades. Enquanto os outros - e não só os latinos - por um motivo ou por outro começam a meter água e deixam afundar o navio, nos alemães é quando as coisas parecem ir mal que eles dão a volta por cima. Tem a ver com aspectos culturais extra-futebol: os alemães são assim. Em menos de 50 anos, por duas vezes completamente destruídos, por duas vezes se levantaram e cresceram depressa e bem como nenhum outro país até hoje conseguiu fazer. A final do Mundial de 54 ficou para a história. Porque a Hungria jogava bem, porque o torneio estava a ser muito bem disputado, etc. Mas, sobretudo, porque foi o mote dessa espécie de carimbo alemão: vencer sem ser o melhor. Ainda hoje a final de 54 é recordada como sendo provavelmente a maior injustiça da história do futebol. Diz quem viu que era claro como água que a vitória teria que ir para a Hungria. Mas não foi. E aí ficou patente a confirmação daquela história dos "11 para cada lado, durante 90 minutos, e no fim ganha a Alemanha." Ontem foi o SPORTING a provar, como tantos outros já o tinham provado antes. Vale a pena continuar a tentar. Apesar de falhar pouco, às vezes falha. E pode ser que falhe daqui por 15 dias.

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